1. Tenho dito que as capacidades que possuis são apenas sombras da tua força real e que a percepção - que é inerentemente julgadora - só foi introduzida depois da separação. Ninguém tem estado seguro de nada desde então. Também fiz com que ficasse claro que a ressurreição foi o meio para o regresso ao conhecimento, realizado pela união da minha vontade com a do meu Pai. Podemos agora estabelecer uma distinção que esclarecerá algumas das nossas declarações subsequentes.
2.
Desde a separação, as palavras «criar» e «fazer» passaram a ser confusas.
Quando fazes alguma coisa fazes a partir de um sentimento especifico de falta
ou de necessidade. Qualquer coisa feita para um propósito específico não tem
nenhuma generalizabilidade* verdadeira. Quando fazes alguma coisa para preecher uma falta percebida, estás a
demonstrar tacitamente que acreditas na separação. O ego inventou muitos
sistemas de pensamento engenhosos com este propósito. Nenhum deles é criativo.
A inventividade é um esforço desperdiçado mesmo na sua forma mais engenhosa. A
natureza altamente específica da invenção não é digna da criatividade abstracta
das criações de Deus.
* - Generalizability é uma palavra
inexistente em Inglês tal como generalizabilidade em Português.
3. «Conhecer», como já observámos não conduz
ao «fazer». A confusão entre a tua criação real e o que tens feito de ti mesmo
é tão profunda que passou a ser literalmente impossível para ti conhecer
qualquer coisa. O conhecimento é sempre estável e é bastante evidente que tu
não és. No entanto, és perfeitamente estável tal como Deus te criou. Neste
sentido, quando o teu comportamento é instável, estás a distorcer a Ideia de
Deus com respeito à tua criação. Tu podes fazer isto, se assim escolheres, mas
dificilmente quererás fazê-lo se estiveres na tua mente certa.
4. A
questão fundamental que te perguntas continuamente não pode, de maneira
nenhuma, ser dirigida a ti mesmo de forma adequada. Continuas a perguntar o que
és. Isto significa que a resposta, não só é uma resposta que conheces, mas
também que depende de ti supri-la. Entretanto, não podes entender-te a ti mesmo
correctamente. Não tens nenhuma imagem para ser percebida. A palavra «imagem»
está sempre relacionada com a percepção e não é uma parte do conhecimento.
Imagens são simbólicas e representam alguma coisa. A ideia de «mudar a tua
imagem» reconhece o poder da percepção, mas também significa que não há nada
estável para conhecer.
5.
Conhecer não está aberto à interpretação. Podes tentar «interpretar» o significado,
mas isso é sempre passível de erro, porque se refere à percepção do
significado. Tais incongruências são o resultado das tentativas de te
considerares a ti mesmo como separado e não separado, ao mesmo tempo. É
impossível fazer uma confusão tão fundamental sem aumentar ainda mais a tua
confusão geral. A tua mente pode ter passado a ser muito engenhosa, mas como
sempre acontece quando método e conteúdo estão separados, a mente é usada para
fazer uma tentativa fútil de escapar de um impasse inescapável. A engenhosidade
é totalmente divorciada do conhecimento, porque o conhecimento não requer
engenhosidade. O pensamento engenhoso não é a verdade que te libertará, mas tu
estás livre da necessidade de te comprometeres com o pensamento engenhoso
quando estás disposto a abandoná-lo.
6. A
oração é um modo de pedir alguma coisa. É o veículo dos milagres. Mas a única
oração significativa é a que perde o perdão, porque aqueles que foram perdoados
têm tudo. Uma vez que o perdão tenha sido aceite, a oração, no sentido usual,
passa a não ter qualquer significado. A oração pelo perdão não é mais do que um pedido para que possas ser
capaz de reconhecer o que já possuis. Ao elegeres a percepção no lugar do conhecimento colocaste-te numa posição
na qual só poderias parecer-te com o teu Pai percebendo milagrosamente.
Perdeste o conhecimento de que tu, em ti mesmo, és um milagre de Deus. A
criação é a tua Fonte e a tua única função real.
7. A
declaração «Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança» necessita de
reinterpretação. «Imagem» pode ser compreendida como «pensamento» e
«semelhança» como «de qualidade semelhante». Deus, efectivamente, criou o
espírito no Seu próprio Pensamento com uma qualidade semelhante à Sua própria.
Não há mais nada. A percepção, por outro lado, é impossível sem uma percepção
em «mais» e «menos». Em todos os níveis envolve selectividade. A percepção é um
processo contínuo de aceitar e rejeitar, organizar e reorganizar, deslocar e
mudar. A avaliação é uma parte essencial da percepção porque os julgamentos são
necessários para a selecção.
8. O
que acontece às percepções se não existirem julgamentos, nem nada além da
perfeita igualdade? A percepção passa a ser impossível. A verdade só pode ser
conhecida. Toda a verdade é igualmente verdadeira e conhecer qualquer uma das
suas partes é conhecer toda a verdade. Só a percepção envolve a consciência
parcial. O conhecimento transcende as leis que governam a percepção porque um
conhecimento parcial é impossível. É totalmente uno e não tem partes separadas.
Tu, que realmente és um com ele, não precisas senão conhecer-te a ti mesmo para
que o teu conhecimento esteja completo. Conhecer o milagre de Deus é conhecê-Lo.
9. O
perdão é a cura da percepção da separação. A percepção correcta do teu irmão é
necessária porque as mentes escolheram ver-se a si mesmas como separadas. O
espírito conhece Deus de forma completa. Esse é o seu poder milagroso. O facto
de que cada um tem esse poder de forma completa é uma condição inteiramente
alheia ao pensamento do mundo. O mundo acredita que se alguém tem tudo, não
sobra nada. Mas os
milagres de Deus são tão totais como os Seus pensamentos, porque são os seus
Pensamentos.
10.
Enquanto durar a percepção há lugar à oração. Uma vez que a percepção se baseia
na falta, aqueles que percebem não aceitaram totalmente a Expiação, nem se
entregaram à verdade. A percepção baseia-se num estado separado, de modo que
qualquer pessoa que perceba seja o que for, necessita de cura. A comunhão, não
a oração, é o estado natural daqueles que conhecem. Deus e o Seu milagre são inseparáveis. Como são
belos, de facto, os Pensamentos de Deus que vivem à Sua luz! O teu valor está além da percepção, porque
está além da dúvida. Não te percebas a ti mesmo sob luzes diferentes.
Conhece-te a ti mesmo na Luz Una onde o milagre que tu és está perfeitamente
claro.
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