quinta-feira, 30 de abril de 2015

Capítulo 12 - 4 Buscar e achar

1. O ego está certo de que o amor é perigoso e esse é sempre o seu ensinamento central. Ele nunca coloca isso desse modo, pelo contrário, todo aquele que acredita que o ego é a salvação parece estar intensamente engajado na busca do amor. Todavia, o ego, embora encoraje ativamente a busca do amor, tem uma cláusula: não o aches. Seus ditames podem ser então simplesmente resumidos dessa forma: “Busca e não aches.” Essa é a única promessa que o ego te faz e a única que cumprirá. Pois o ego persegue a sua meta com uma insistência fanática e seu julgamento, embora seriamente deteriorado, é completamente consistente.

2. A busca que o ego empreende está, portanto, condenada a fracassar. E uma vez que ele também ensina que está identificado contigo, a sua orientação te conduz a uma jornada que necessariamente terminará na percepção do teu próprio fracasso. Pois o ego não é capaz de amar e na sua busca frenética de amor, está buscando o que tem medo de achar. A busca é inevitável porque o ego é parte da tua mente e devido à sua origem, ele não está totalmente separado ou não se poderia acreditar nele em absoluto. Pois é a tua mente que acredita nele e dá existência a ele. Entretanto, é também a tua mente que tem o poder de negar a existência do ego, o que farás com certeza quando reconheceres exatamente qual é a jornada a que o ego te induz.

3. Com certeza é óbvio que ninguém quer achar aquilo que iria derrotá-lo totalmente. Sendo incapaz de amar, o ego seria totalmente inadequado na presença do amor, pois não poderia responder de forma alguma. Então, terias que abandonar a orientação do ego, pois ficaria bastante evidente que ele não te ensinou a resposta de que precisas. O ego, portanto, distorcerá o amor e ensinar-te-á que o amor realmente pede as respostas que o ego pode ensinar. Assim sendo, segue o seu ensinamento e buscarás o amor, mas não o reconhecerás.

4. Reconheces que o ego precisa te induzir a uma jornada que não pode conduzir senão a um sentimento de futilidade e depressão? Buscar e não achar dificilmente traz alegria. É essa a promessa que queres manter? O Espírito Santo te oferece outra promessa, uma promessa que conduzirá à alegria. Pois a Sua promessa sempre é “Buscai e achareis” e, sob a Sua orientação, não podes ser derrotado. A Sua jornada é rumo à realização e a meta que Ele coloca diante de ti, Ele te dará. Pois Ele jamais enganará o Filho de Deus a quem ama com o Amor do Pai.

5. Tu irás empreender uma jornada, pois não estás em casa nesse mundo. E irás buscar o teu lar, reconhecendo ou não onde ele está. Se acreditas que está fora de ti, a busca será fútil, pois estarás buscando onde ele não está. Tu não te lembras como olhar para dentro, pois não acreditas que lá é o teu lar. No entanto, o Espírito Santo lembra-Se por ti e Ele te guiará ao teu lar porque é essa a Sua missão. À medida que Ele cumpre a Sua missão, Ele te ensinará a tua, pois a tua missão é a mesma que a Sua. Ao guiar teus irmãos ao lar, estás apenas seguindo-O.

6. Contempla o Guia que o teu Pai te deu para que possas aprender que tens vida eterna. Pois a morte não é a Vontade do teu Pai e nem a tua e tudo o que é verdadeiro é a Vontade do Pai. Tu não pagas nenhum preço pela vida, pois ela te foi dada, mas pagas um preço pela morte e um preço muito pesado. Se a morte é o teu tesouro, venderás tudo o mais para comprá-la. E acreditarás que a compraste porque terás vendido todo o resto. No entanto, não podes vender o Reino do Céu. A tua herança não pode ser comprada nem vendida. Não podem existir partes deserdadas da Filiação, pois Deus é íntegro e todas as Suas extensões são como Ele.

7. A Expiação não é o preço da tua integridade, mas é o preço da tua consciência da tua integridade. Pois o que escolheste “vender” tinha que ser guardado para ti, já que não o poderias “comprar” de volta. Todavia,tens que investir nisso, não com dinheiro, mas com espírito. Pois espírito é vontade e vontade é Santo te guia à vida eterna, mas tu precisas abandonar o teu investimento na morte ou não verás a vida, apesar dela estar em tudo à tua volta.o “preço” do Reino. A tua herança aguarda apenas o reconhecimento de que foste redimido. O Espírito  Santo te guia à vida eterna, mas tu precisas abandonar o teu investimento na morte ou não verás a vida, apesar dela estar em tudo à tua volta.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Capítulo 12 - 3 O investimento na realidade

 1. Uma vez eu te pedi que vendesses tudo o que tinhas, que o desses aos pobres e me seguisses. O que eu queria dizer era isso: se não tens nenhum investimento em coisa alguma desse mundo, podes ensinar aos pobres onde está o tesouro que lhes pertence. Os pobres são simplesmente aqueles que investiram de forma errada e eles, de fato, são pobres! Posto que estão em necessidade te é dado ajudá-los, já que estás entre eles. Considera com que perfeição a tua lição seria aprendida se não estivesses disposto a compartilhar essa pobreza. Pois pobreza é falta e existe apenas uma falta, uma vez que existe apenas uma necessidade.

 2. Suponhas que um irmão insista para que faças algo que achas que não queres fazer. A própria insistência do teu irmão deveria dizer-te que ele acredita que a salvação está nisso. Se insistes em recusar e vivencias uma reação rápida de oposição, estás acreditando que a tua salvação está em não fazer isso. Nesse caso, estás cometendo o mesmo equívoco que ele e estás fazendo com que o seu erro seja real para os dois. Insistência significa investimento e aquilo em que investes está sempre relacionado com a tua noção de salvação. A questão sempre se divide em duas: em primeiro lugar, o que tem que ser salvo? E em segundo lugar, como pode ser salvo?

3. Sempre que ficas com raiva de um irmão, por qualquer motivo que seja, estás acreditando que o ego tem que ser salvo e salvo pelo ataque. Se ele ataca, estás concordando com essa crença e, se tu atacas, estás reforçando-a. Lembra-te que aqueles que atacam são pobres. A pobreza dos teus irmãos pede dádivas, não mais empobrecimento. Tu, que poderias ajudá-los, com certeza estás agindo de maneira destrutiva se aceitas a sua pobreza como tua. Se não tivesses investido como eles, nunca te ocorreria não ver a necessidade dos teus irmãos.

4. Reconhece o que não importa e se os teus irmãos te pedem algo “ultrajante”, faze, precisamente porque não importa. Recusa e a tua oposição estabelece que isso importa para ti. Contudo, foi apenas tu que fizeste com que o pedido fosse ultrajante e todo pedido de um irmão é para ti. Por que insistirias em negar-lhe? Pois fazê-lo é negar a ti mesmo e empobrecer a ambos. Ele está pedindo salvação assim como tu. A pobreza é do ego e nunca de Deus. Nenhum pedido “ultrajante” pode ser feito a alguém que reconhece o que tem valor e não quer aceitar nenhuma outra coisa.

5. A salvação é para a mente e é obtida através da paz. Essa é a única coisa que pode ser salva e esse o único caminho para salvá-la. Qualquer resposta, que não seja o amor, nasce de uma confusão a respeito do “o que” e do “como” da salvação e essa é a única resposta. Nunca percas isso de vista e nunca te permitas acreditar, mesmo por um instante, que existe outra resposta. Pois com certeza irás colocar-te entre os pobres, que não compreendem que vivem na abundância e que a salvação já veio.

6. Identificar-se com o ego é atacar a si mesmo e tornar-se pobre. É por isso que cada um que se identifica com o ego se sente destituído. O que ele vivencia, então, é depressão ou raiva, porque o que fez foi trocar o amor ao seu Ser pelo ódio a si mesmo, fazendo com que tenha medo de si próprio. Ele não se dá conta disso. Mesmo se está completamente ciente da ansiedade, não percebe a fonte do problema como a sua própria identificação com o ego e sempre tenta lidar com isso fazendo algum tipo de “arranjo” insano com o mundo. Ele sempre percebe esse mundo como algo exterior a ele, pois isso é crucial ao seu ajustamento. Ele não reconhece que faz esse mundo, pois fora dele não existe qualquer mundo.

7. Se apenas os pensamentos amorosos do Filho de Deus são a realidade do mundo, o mundo real tem que estar em sua mente. Seus pensamentos insanos, também, têm que estar em sua mente, mas ele não é capaz de tolerar um conflito interno dessa magnitude. Uma mente dividida está em perigo e o reconhecimento de que ela abrange pensamentos completamente opostos dentro de si é intolerável. Por conseguinte, a mente projeta a divisão e não a realidade. Tudo o que percebes como o mundo exterior é meramente a tua tentativa de manter a tua identificação com o ego, pois todos acreditam que identificação é salvação. No entanto, considera o que tem acontecido, pois pensamentos de fato têm conseqü.ncias para aquele que os pensa. Tu entraste em conflito com o mundo conforme o percebes, porque pensas que ele te é antagônico. Isso é uma conseqü.ncia necessária do que tens feito. Tens projetado para fora o que é antagônico ao que está dentro e, portanto, terias que perceber as coisas desse modo. E por isso que tens que reconhecer que o teu ódio está em tua mente e não fora dela antes de poderes livrar-te dele; e é por isso que tens que livrar-te do teu ódio antes de poderes perceber o mundo tal como realmente é.

8. Eu já disse que Deus tanto amou o mundo que o deu a Seu Filho único. Deus, de fato, ama o mundo real e aqueles que percebem essa realidade não podem ver o mundo da morte. Pois a morte não pertence ao mundo real, no qual todas as coisas refletem o eterno. Deus te deu o mundo real em troca daquele que fizeste a partir da tua mente dividida, e que é o símbolo da morte. Pois se realmente pudesses separar-te da Mente de Deus, tu morrerias.

9. O mundo que percebes é um mundo de separação. Talvez estejas disposto a aceitar até mesmo a morte para negar o teu Pai. Entretanto, Ele não quis que fosse assim e por isso não é assim. Ainda não podes ter uma vontade contrária à Sua e é por isso que não tens controle sobre o mundo que fizeste. Não é um mundo de vontade porque é governado pelo desejo de ser diferente de Deus e esse desejo não é vontade. O mundo que fizeste é, portanto, totalmente caótico, governado por “leis” arbitrárias, sem sentido e sem qualquer significado. Pois é feito de coisas que não queres, projetadas a partir da tua mente porque tens medo delas. Entretanto, esse mundo está apenas na mente daquele que o fez, junto com a sua salvação real. Não acredites que ele esteja fora de ti, pois só reconhecendo onde ele está terás controle sobre ele. Pois tu, na realidade, tens controle sobre a tua mente, já que a mente é o mecanismo da decisão.

 10. Se reconheceres que todo o ataque que percebes está em tua própria mente e em nenhum outro lugar, terás afinal localizado a fonte do ataque e ali onde ele começa tem que terminar. Pois nesse mesmo lugar está também a salvação. É lá o altar de Deus onde Cristo habita. Tu profanaste o altar, mas não o mundo. No entanto, Cristo colocou a Expiação sobre o altar para ti. Traze a esse altar as tuas percepções do mundo, pois é o altar à verdade. Lá terás a tua visão mudada e lá aprenderás a ver verdadeiramente. Deste lugar, onde Deus e Seu Filho habitam em paz e onde tu és bem-vindo, olharás para fora em paz e contemplarás o mundo verdadeiramente. Contudo para achares o lugar, tens que abandonar o teu investimento no mundo conforme o projetas, permitindo ao Espírito Santo estender o mundo real para ti a partir do altar de Deus.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Capítulo 12 – 2 O caminho para lembrar-se de Deus

1. Milagres são meramente a tradução da negação em verdade. Se amar a si mesmo é curar a si mesmo, aqueles que estão doentes não amam a si próprios. Portanto, estão pedindo o amor que os curaria, mas que estão negando a si mesmos. Se conhecessem a verdade acerca de si mesmos, não poderiam estar doentes. A tarefa do trabalhador de milagres vem a ser, então, negar a negação da verdade. Os doentes têm que curar a si mesmos, pois a verdade está neles. No entanto, tendo-a obscurecido, a luz em outra mente tem que brilhar nas suas, porque essa luz é deles.

2. A luz brilha neles com a mesma intensidade apesar da densidade do nevoeiro que a obscurece. Se não deres ao nevoeiro nenhum poder para obscurecer a luz, ele não terá nenhum. Pois ele só tem poder se o Filho de Deus o der. Ele próprio precisa retirar esse poder, lembrando-se que todo poder é de Deus. Podes lembrar-te disso por toda a Filiação. Não permitas a teu irmão que ele não se lembre, pois o seu esquecimento é o teu. Mas a tua lembrança é a sua, pois não se pode lembrar de Deus sozinho. É isso que tens esquecido. Perceber a cura do teu irmão como a tua própria é, assim, o caminho para lembrar-te de Deus. Pois esqueceste os teus irmãos com Ele e a Resposta de Deus para O teu esquecimento não é senão o caminho para a lembrança.

3. Percebe na doença apenas mais um pedido de amor e oferece ao teu irmão aquilo que ele acredita que não é capaz de oferecer a si mesmo. Qualquer que seja a doença, existe apenas um remédio. Tu te tomarás íntegro na medida em que tornas íntegro, pois perceber na doença um apelo à saúde é reconhecer no ódio o pedido de amor. E dar a um irmão o que ele realmente quer é oferecer a mesma coisa a ti mesmo, pois é a Vontade do teu Pai que conheças o teu irmão como a ti mesmo. Responde ao pedido de amor do teu irmão e o teu é respondido. A cura é o Amor de Cristo por Seu Pai e por Si Mesmo. 

4. Lembra-te do que foi dito sobre as percepções assustadoras das crianças pequenas, que as aterrorizam porque elas não as compreendem. Se pedem esclarecimento e o aceitam, seus medos desaparecem. Mas, se escondem os seus pesadelos, os guardarão. É fácil ajudar uma criança incerta, posto que ela reconhece que não compreende o que significam as próprias percepções. Todavia, tu acreditas que, de fato, compreendes as tuas. Pequena criança, estás escondendo a tua cabeça debaixo dos pesados cobertores que estendeste sobre ti mesma. Estás escondendo os teus pesadelos na escuridão da tua própria certeza falsa e recusando-te a abrir os olhos e olhar para eles.

5. Não vamos guardar pesadelos, pois são oferendas impróprias para Cristo e, portanto, são dádivas impróprias para ti. Tira as cobertas e olha para o que temes. Só a antecipação te amedrontará, pois a realidade do que não existe não pode ser amedrontadora. Não atrasemos isso, pois o teu sonho de ódio não te deixará sem uma ajuda e a Ajuda está aqui. Aprende a ficar quieto no meio do tumulto, pois a quietude é o fim do sofrimento e essa é a jornada para a paz. Olha diretamente para cada imagem que surgir para te atrasar, pois a meta é inevitável porque é eterna. A meta do amor não é senão o teu direito e te pertence apesar dos teus sonhos.

6. Ainda queres o que é a Vontade de Deus e nenhum pesadelo é capaz de derrotar uma criança de Deus em seu propósito. Pois o teu propósito te foi dado por Deus e tens que realizá-lo porque é a Vontade de Deus. Desperta e lembra-te do teu propósito, pois é tua vontade fazer isso. O que foi realizado para ti tem que ser teu. Não permitas que o teu ódio se interponha no caminho do amor, pois nada pode superar o Amor de Cristo por Seu Pai ou o Amor de Seu Pai por Ele.

7. Mais um pouco e tu me verás, pois eu não estou escondido porque tu estás te escondendo. Eu despertar- te-ei tão seguramente quanto despertei a mim mesmo, pois despertei por ti. Na minha ressurreição está a tua liberação. Nossa missão é escapar da crucificação, não da redenção. Confia na minha ajuda, pois eu não caminhei sozinho e caminharei contigo, assim como nosso Pai caminhou comigo. Tu não sabes que eu caminhei com Ele em paz? E isso não significa que a paz vem conosco nesta jornada?

8. No amor perfeito não existe medo. Nós só estaremos fazendo com que seja perfeito para ti o que já é perfeito em ti. Não tens medo do desconhecido, mas sim do conhecido. Não vais falhar na tua missão porque eu não falhei na minha. Dá-me apenas um pouco de confiança em nome da confiança plena que eu tenho em ti e nós realizaremos facilmente a meta da perfeição juntos. Pois a perfeição é e não pode ser negada. Negar a negação da perfeição não é tão difícil quanto negar a verdade e o que nós podemos realizar juntos terá crédito quando tu o vires como já tendo sido realizado.

9. Tu, que tentaste banir o amor, não tiveste êxito, mas tu que escolheste banir o medo, não podes deixar de ter sucesso. O Senhor é contigo, embora não o saibas. Porém, o teu Redentor vive e está para sempre em ti, na paz da qual Ele foi criado. Não trocarias a consciência do medo por essa consciência? Quando nós tivermos superado o medo—não escondendo-o, não minimizando-o, não negando o seu impacto total de forma alguma—é isso o que realmente verás. Não podes deixar de lado os obstáculos à visão real sem olhar para eles, pois deixar de lado significa julgar de forma contrária. Se olhares, o Espírito Santo julgará e Ele julgará verdadeiramente. No entanto, Ele não pode dissipar com Seu brilho aquilo que manténs escondido, porque não o ofereceste a Ele e Ele não pode tirá-lo de ti.

10. Nós estamos, por conseguinte, embarcando em um programa organizado, bem estruturado e cuidadosamente planejado, com o objetivo de aprender como oferecer ao Espírito Santo tudo o que não queres. Ele sabe o que fazer com essas coisas. Tu não compreendes como usar o que Ele conhece. Qualquer coisa dada a Ele que não seja de Deus, desaparece. Contudo, tu mesmo tens que olhar para isso com perfeita disponibilidade, pois de outro modo o Seu conhecimento permanece sendo inútil para ti. Certamente Ele não falhará em ajudar-te, pois a ajuda é o Seu único propósito. Não tens mais razão para ter medo do mundo tal como o percebes, do que para olhar para a causa do medo e assim deixar que ele se vá para sempre?

sexta-feira, 24 de abril de 2015

CAPÍTULO 12 - O CURRÍCULO DO ESPÍRITO SANTO

1. O julgamento do Espírito Santo 

1. Foi dito a ti para não fazer com que o erro seja real e o caminho para isso é muito simples. Se queres acreditar no erro, terás que torná-lo real porque ele não é verdadeiro. Mas a verdade é real em seu próprio direito e para acreditar na verdade, tu não tens que fazer nada. Compreende que não respondes a nada diretamente, mas à tua interpretação das coisas. A tua interpretação vem a ser, então, a justificativa para a resposta. E por isso que analisar os motivos dos outros te é prejudicial. Se decides que alguém está realmente tentando atacar-te, abandonar-te ou escravizar-te, reagirás como se ele, de fato, o tivesse feito, pois fizeste com que o seu erro seja real para ti. Interpretar o erro é dar-lhe poder e tendo feito isso, tu não verás a verdade.

2. A análise da motivação egótica é muito complicada, muito obscura e nunca é feita sem o envolvimento do teu próprio ego. Todo o processo representa uma tentativa clara de demonstrar a tua própria capacidade de compreender o que percebes. Isso é comprovado pelo fato de que reages às tuas interpretações como se elas fossem corretas. Podes, então, controlar as tuas reações a nível de comportamento, mas não a nível emocional. Isso obviamente seria uma quebra ou um ataque à integridade da tua mente, colocando um nível contra outro dentro dela.

3. Existe apenas uma interpretação de qualquer motivação que faz sentido. E porque é o julgamento do Espírito Santo, não requer nenhum esforço da tua parte. Todo pensamento de amor é verdadeiro. Tudo o mais é um apelo por cura e ajuda, independente da forma que tome. É possível justificar alguém que responde com raiva ao pedido de ajuda de um irmão? Nenhuma resposta pode ser apropriada exceto a disponibilidade de lhe dar ajuda, pois é isso e só isso o que ele está pedindo. Oferecendo qualquer outra coisa estás assumindo o direito de atacar a sua realidade, interpretando-a como consideras adequado. Talvez o perigo disso para a tua própria mente não esteja ainda totalmente claro. Se acreditas que um apelo por ajuda é alguma outra coisa, reagirás a alguma outra coisa. A tua resposta será, então, inadequada à realidade tal como ela é, mas não à tua percepção da realidade.

4. Não existe nada que te impeça de reconhecer todos os pedidos de ajuda exatamente pelo que são, exceto a tua própria necessidade imaginária de atacar. É apenas isso o que faz com que estejas disposto a te engajares em “batalhas” sem fim com a realidade, nas quais negas a realidade da necessidade da cura, fazendo com que ela seja irreal. Não farias isso a não ser devido à recusa da tua vontade em aceitar a realidade tal como ela é, afastando-a, portanto, de ti mesmo.

5. Com certeza é um bom conselho te dizer que não julgues o que não compreendes. Ninguém que tenha um investimento pessoal é uma testemunha confiável, pois para ele a verdade veio a ser o que ele quer que seja. Se te recusas a perceber um pedido de ajuda pelo que é, é porque te recusas a dar e receber ajuda. Não reconhecer um pedido de ajuda é recusar ajuda. Afirmarias que não precisas dela? E, no entanto, é o que estás afirmando quando te recusas a reconhecer o apelo de um irmão, pois só respondendo ao apelo que ele te faz é que podes ser ajudado. Nega o teu auxílio a ele e não reconhecerás a Resposta de Deus para ti. O Espírito Santo não precisa da tua ajuda para interpretar a motivação, mas tu precisas da Sua.

6. Só a apreciação é uma resposta adequada para o teu irmão. A gratidão é devida a ele tanto por seus pensamentos amorosos como pelos seus pedidos de ajuda, pois ambos são capazes de trazer o amor à tua consciência, se os perceberes verdadeiramente. E todo o teu senso de tensão provem das tuas tentativas de não fazeres apenas isso. Como é simples, então, o plano de Deus para a salvação. Existe apenas uma resposta para a realidade, posto que ela não faz surgir qualquer conflito. Existe apenas um Professor da realidade Que compreende o que ela é. Ele não muda a própria Mente acerca da realidade porque a realidade não muda. Embora as tuas interpretações da realidade sejam sem significado no teu estado dividido, as Suas permanecem consistentemente verdadeiras. Ele as dá a ti porque elas são para ti. Não tentes “ajudar” um irmão a teu modo, porque não és capaz de ajudar a ti mesmo. Mas escuta o seu chamado pela Ajuda de Deus e reconhecerás a tua própria necessidade do Pai.

7. As tuas interpretações das necessidades do teu irmão são interpretações das tuas próprias necessidades. Dando ajuda estarás pedindo-a e se perceberes apenas uma única necessidade em ti  esmo, estarás curado. Pois estarás reconhecendo a Resposta de Deus como queres que Ela seja e se A queres na verdade, Ela será verdadeiramente tua. Todo apelo a que respondes em Nome de Cristo traz  para mais perto da tua consciência a lembrança do teu Pai. Assim sendo, em favor da tua necessidade, ouve todo pedido de ajuda como ele é, de forma que Deus possa responder a ti.

8. Aplicando a interpretação que o Espírito Santo faz das reações dos outros cada vez mais consistentemente, ganharás uma consciência crescente de que os Seus critérios são igualmente aplicáveis a ti. Pois reconhecer o medo não é suficiente para escapares dele, embora o reconhecimento seja necessário para demonstrar a necessidade de escapar. Ainda é necessário que o Espírito Santo traduza o medo em verdade. Se fosses deixado com o medo, depois de tê-lo reconhecido, estarias dando um passo para mais longe da realidade, ao invés de estar avançando em sua direção. Entretanto, repetimos constantemente a necessidade de reconhecer o medo e enfrentá-lo sem disfarces como um passo crucial para o desfazer do ego. Considera, então, o quanto te servirá a interpretação que o Espírito Santo dá aos motivos dos outros. Tendo te ensinado a só aceitar nos outros pensamentos amorosos e a considerar todas as outras coisas como um pedido de ajuda, Ele te ensinou que o medo em si mesmo é um pedido de ajuda. É isso o que realmente significa reconhecer o medo. Se não protegeres o medo, Ele vai reinterpretá-lo. Esse é o valor máximo que há em se aprender a perceber o ataque como um pedido de amor. Nós já aprendemos que o medo e o ataque estão inevitavelmente associados. Se apenas o ataque produz medo e se vês o ataque como o pedido de ajuda que de fato é, a irrealidade do medo tem que despontar em ti. Pois o medo é um pedido de amor, em reconhecimento inconsciente do que foi negado.

9. O medo é um sintoma do teu próprio sentimento profundo de perda. Se, ao perceberes esse sentimento nos outros, aprendes a suprir a perda, a causa básica do medo é removida. Através disso, ensinas a ti mesmo que o medo não existe em ti. O meio de removê-lo está em ti mesmo, e demonstras isso dando-o. Medo e amor são as únicas emoções de que és capaz. Uma é falsa, pois foi feita a partir da negação e a negação depende da crença no que foi negado para a sua própria existência. Ao interpretar o medo corretamente, como uma afirmação positiva da crença subjacente que ele mascara, estás minando a utilidade percebida nele, tornando-o inútil. As defesas que não funcionam em absoluto são automaticamente descartadas. Se elevas aquilo que o medo oculta a uma predominância clara e inequívoca, o medo passa a ser sem significado. Negaste o poder do medo de ocultar o amor, que era o seu único propósito. O véu com o qual encobriste a face do amor desapareceu.

10. Se queres olhar para o amor, que é a realidade do mundo, o que poderias fazer de melhor além de reconhecer em todas as defesas contra ele, o apelo subjacente por ele? E como poderias aprender melhor a realidade do amor além de responder a esse apelo dando amor? A interpretação que o Espírito Santo faz do medo o dissipa, pois a consciência da verdade não pode ser negada. Assim o Espírito Santo substitui o medo por amor e traduz o erro em verdade. E assim tu aprenderás com Ele como substituir o teu sonho de separação pelo fato da unidade. Pois a separação é apenas a negação da união e, corretamente interpretada, atesta o teu conhecimento eterno de que a união é verdadeira.

CAPÍTULO 15 - O INSTANTE SANTO - 1 Os dois usos do tempo

1. Podes imaginar o que significa não ter cuidados, preocupações, ansiedades, mas apenas ser perfeitamente calmo e sereno o tempo todo? No entanto, e para isso que serve o tempo, para aprender só isso e nenhuma outra coisa. O Professor de Deus não pode ficar satisfeito com o Seu ensinamento até que esse ensinamento constitua todo o teu aprendizado. Ele não terá cumprido a Sua função de ensino, enquanto não fores um aprendiz tão consistente que aprendas só com Ele. Quando isso tiver acontecido, não mais terás necessidade de um professor ou de tempo para aprenderes.

2. Uma fonte de possível desencorajamento da qual poderás sofrer é a tua crença em que isso leva tempo e que os resultados do ensino do Espírito Santo estão em um futuro distante. Isso não é assim. Pois o Espírito Santo usa o tempo à Sua própria maneira e não é limitado por ele. O tempo é Seu amigo no ensino. O tempo não O desgasta, assim como desgasta a ti. E todo o desgaste que o tempo parece trazer consigo, não se deve a outra coisa senão à tua identificação com o ego, que usa o tempo para dar suporte à própria crença na destruição. O ego, como o Espírito Santo, usa o tempo para convencer-te da inevitabilidade da meta e do fim do ensinamento. Para o ego, a meta é a morte, que é o seu fim. Mas, para o Espírito Santo, a meta é a vida, que não tem fim.

3. O ego é um aliado do tempo, mas não um amigo. Pois ele é tão desconfiado da morte quanto da vida, e o que quer para ti, ele não pode tolerar. O ego quer que tu morras, mas não ele mesmo. O resultado da sua estranha religião tem que ser, portanto, a convicção de que ele pode perseguir-te além do túmulo. E como ele não quer que aches paz nem mesmo na morte, te oferece a imortalidade no inferno. Ele te fala do Céu, mas te assegura que o Céu não é para ti. Como podem os culpados esperar o Céu?

4. A crença no inferno é inescapável para aqueles que se identificam com o ego. Seus pesadelos e seus medos estão todos associados com ele. O ego ensina que o inferno está no futuro, pois é para isso que todo o seu ensino é dirigido. O inferno é a sua meta. Pois embora o ego ambicione a morte e a dissolução como um fim, não acredita nelas. A meta da morte, que obsessivamente procura para ti, deixa-o insatisfeito. Ninguém que siga o ensinamento do ego pode deixar de ter medo da morte. No entanto, se pensássemos na morte simplesmente como um fim para a dor, seria ela temida? Nós já vimos antes esse estranho paradoxo no sistema de pensamento do ego, mas nunca tão claramente quanto aqui. Pois o ego precisa aparentar afastar o medo de ti para manter a tua fidelidade. Ao mesmo tempo, ele precisa engendrar medo de forma a se manter. Mais uma vez, o ego tenta, e com sucesso demasiado, fazer as duas coisas usando a dissociação para manter unidos os seus objetivos contraditórios de tal forma que pareçam conciliados. Assim, o ego ensina: a morte é o fim no que diz respeito à esperança do Céu. Entretanto, porque tu e o ego não podem ser separados e porque ele não pode conceber a própria morte, ainda irá perseguirte porque a culpa é eterna. Tal é a versão do ego acerca da imortalidade. E é isso que a versão que ele dá
ao tempo apóia.

5. O ego ensina que o Céu está aqui e agora porque o futuro é o inferno. Inclusive quando ataca de forma tão selvagem a ponto de tentar tirar a vida daquele que acredita que a sua voz é a única que existe, o ego ainda fala do inferno, até mesmo a ele. Pois lhe diz que o inferno está aqui também e o solicita a escapar do inferno para o esquecimento. O único tempo que o ego permite a alguém olhar com equanimidade é o passado. E mesmo lá, o seu único valor está em já não existir mais.

6. Como é desolador e desesperador o uso que o ego faz do tempo! E como aterroriza! Pois sob a sua insistência fanática para que o passado e o futuro sejam a mesma coisa, jaz escondida uma ameaça muito mais insidiosa à paz. O ego não faz propaganda da sua ameaça final, pois quer que seus adoradores ainda acreditem que ele pode oferecer-lhes uma saída. Mas a crença na culpa necessariamente leva à crença no inferno e sempre o faz. A única maneira na qual o ego permite que o medo do inferno seja vivenciado é trazendo o inferno para cá, mas sempre como um antegosto do futuro. Pois ninguém que se considere merecedor do inferno pode acreditar que a punição terminará em paz.

7. O Espírito Santo ensina assim: não há nenhum inferno. O inferno é apenas o que o ego fez do presente. A crença no inferno é o que te impede de compreender o presente, porque tens medo dele. O Espírito Santo conduz com tanta firmeza ao Céu quanto o ego leva ao inferno. Pois o Espírito Santo, Que só conhece o presente, usa-o para desfazer o medo através do qual o ego quer fazer com que o presente seja inútil. Não há como escapar do medo no uso que o ego faz do tempo. Pois o tempo, de acordo com o seu ensinamento, não é nada além de um instrumento de ensino para compor a culpa até que ela abranja tudo, exigindo vingança para sempre.   

8. O Espírito Santo quer desfazer tudo isso agora. O medo não é do presente, mas somente do passado e do futuro, que não existem. Não há medo no presente quando cada instante salta claro e separado do passado, sem que a sua sombra alcance o futuro. Cada instante é um nascimento limpo e sem mancha, no qual o Filho de Deus emerge do passado para o presente. E o presente se estende para sempre. E tão bonito e tão limpo e tão livre de culpa que nada existe nele além da felicidade. Nenhuma escuridão é lembrada e a imortalidade e a alegria são agora.

9. Essa lição não toma tempo. Pois o que é o tempo, sem um passado e sem futuro? Levou tempo para conduzir-te equivocadamente de forma tão completa, mas ser o que tu és, não leva absolutamente tempo algum. Começa a praticar o uso que o Espírito Santo faz do tempo, como um recurso de ensino para chegares à felicidade e à paz. Toma esse mesmo instante, agora, e pensa nele como sendo tudo o que há do tempo. Aqui, nada do passado pode te atingir e é aqui que és completamente absolvido, completamente livre e totalmente sem condenação. Deste instante santo dentro do qual a santidade renasceu, avançarás no tempo sem medo e sem ter a sensação de mudança com o tempo.

10. O tempo é inconcebível sem mudança, no entanto, a santidade não muda. Aprende com esse instante mais do que simplesmente que o inferno não existe. Nesse instante redentor está o Céu. E o Céu não vai mudar, pois o nascimento no presente santo salva da mudança. Tudo o que muda é uma ilusão, ensinada por aqueles que não podem ver a si mesmos sem culpa. Não há nenhuma mudança no Céu porque não há mudança em Deus. No instante santo, no qual te vês brilhante de liberdade, lembrar-te-ás de Deus. Pois lembrar-se Dele é lembrar da liberdade.

11. Se és tentado a sentir-te des-inspirado pensando que tomaria muito tempo mudar por completo a tua mente, pergunta a ti mesmo: "Quanto tempo demora um instante?" Não seria possível entregar ao Espírito Santo um tempo tão curto para a tua salvação? Ele não pede mais do que isso, pois não necessita mais do que isso. Leva muito mais tempo para ensinar-te a estares disposto a dar isso a Ele, do que para Ele usar esse instante diminuto para oferecer-te todo o Céu. Em troca deste instante, Ele está pronto para dar-te a lembrança da eternidade.

12. Nunca darás esse instante santo ao Espírito Santo em favor da tua liberação, enquanto não estiveres disposto a dá-lo aos teus irmãos em favor da sua liberação. Pois o instante da santidade é compartilhado e não pode ser apenas teu. Lembra-te, então, quando te sentires tentado a atacar um irmão, que o seu instante de liberação é o teu. Milagres são os instantes de liberação que ofereces e irás receber. Eles atestam a tua disponibilidade para seres liberado e de ofereceres o tempo ao Espírito Santo para que Ele o use.

13. Quanto tempo demora um instante? É tão curto para o teu irmão quanto é para ti. Pratica a dádiva deste instante abençoado de liberdade para com todos aqueles que estão escravizados pelo tempo e faze, assim, com que o tempo venha a ser um amigo para eles. O Espírito Santo te dá o instante abençoado dos teus irmãos através da tua dádiva. Assim como a dás, Ele a oferece a ti. Não te recuses a dar o que irias receber Dele, pois te unes a Ele nesta doação. Na clareza cristalina da liberação que dás, escapas instantâneamente da culpa. Tens que ser santo se ofereces a santidade.

14. Quanto tempo demora um instante? O tempo que leva para restabelecer a sanidade perfeita, a paz perfeita e o amor perfeito para todas as pessoas, para Deus e para ti mesmo. O tempo que leva para lembrar a imortalidade e as tuas criações imortais que a compartilham contigo. O tempo que leva para trocar o inferno pelo Céu. Tempo bastante para transcender tudo o que o ego fez e ascender ao teu Pai.

15. O tempo é teu amigo se deixares que o Espírito Santo o use. Ele precisa de muito pouco tempo para restaurar em ti todo o poder de Deus. Ele, que transcende o tempo para ti, compreende para que serve o tempo. A santidade não está no tempo, mas na eternidade. Nunca houve um instante em que o Filho de Deus pudesse perder a sua pureza. Seu estado imutável está além do tempo, pois a sua pureza permanece para sempre além de qualquer ataque e sem variação. O tempo está parado em sua santidade e não muda. E assim o tempo já não existe em absoluto. Pois, tomado no instante único da santidade eterna da criação de Deus, ele é transformado em eternidade. Dá o instante eterno, para que a eternidade possa ser lembrada para ti naquele instante brilhante de perfeita liberação. Oferece o milagre do instante santo através do Espírito Santo e deixa que Ele o dê a ti.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

CAPÍTULO 11 – 8 O problema e a resposta

1. Esse é um curso muito simples. Talvez não sintas que precisas de um curso que, no final, te ensina que só a realidade é verdadeira. Mas acreditas nisso? Quando perceberes o mundo real, reconhecerás que não acreditavas nisso. Entretanto a rapidez com que a tua nova e única percepção real será traduzida em conhecimento não te deixará mais do que um instante para reconheceres que só isso é verdadeiro. E então, tudo o que fizeste será esquecido: o bom e o mau, o falso e o verdadeiro. Pois quando o Céu e a terra vêm a ser um, mesmo o mundo real sumirá da tua vista. O fim do mundo não é a sua destruição, mas a sua tradução em Céu. A re-interpretação do mundo é a transferência de toda percepção para o conhecimento.

2. A Bíblia te diz para vires a ser como as criancinhas. As criancinhas reconhecem que não compreendem o que percebem e por isso perguntam o que aquilo significa. Não cometas o equívoco de acreditar que compreendes o que percebes, pois o seu significado está perdido para ti. No entanto, o Espírito Santo guardou o seu significado para ti e se permitires que Ele o interprete, Ele restaurará para ti aquilo que jogaste fora. Porém, enquanto pensares que conheces o seu significado, não verás necessidade de perguntar isso a Ele.

3. Não conheces o significado de nenhuma das coisas que percebes. Nenhum pensamento que tens é totalmente verdadeiro. Reconhecendo isso começas com firmeza. Não estás sendo guiado equivocadamente, não aceitaste guia nenhum. Instrução na percepção é a tua grande necessidade, pois nada compreendes. Reconhece isso, mas não o aceites, pois a compreensão é a tua herança. As percepções são aprendidas e tu não estás sem um Professor. Entretanto, a tua disponibilidade para aprender com Ele depende da tua disponibilidade para questionar todas as coisas que aprendeste por conta própria, pois tu que aprendeste mal não deverias ser o teu próprio professor.

4. Ninguém pode recusar a verdade a não ser a si mesmo. Entretanto, Deus não irá te recusar a Resposta que Ele deu. Pede, então, o que é teu, mas não foste tu que o fizeste e não te defendas da verdade. Tu fizeste o problema ao qual Deus respondeu. Portanto, pergunta a ti mesmo apenas uma simples questão: 

Eu quero o problema ou quero a resposta? 

Decide-te pela resposta e tu a terás, pois a verás tal como é e ela já é tua.

5. Podes reclamar que esse curso não é suficientemente específico para a tua compreensão e uso. No entanto, talvez não tenhas feito o que ele pleiteia de forma específica. Esse não é um curso sobre o jogo das idéias, mas sobre as suas aplicações práticas. Nada poderia ser mais específico do que ouvir, que se pedires, receberás. O Espírito Santo responderá a todo problema específico na medida em que acreditares que os problemas são específicos. A Sua resposta é ao mesmo tempo uma e muitas, enquanto acreditares que o Um é múltiplo. Podes ter medo da Sua especificidade por medo do que pensas que isso exigirá de ti. Contudo, só perguntando é que vais aprender que nada que venha de Deus exige nada de ti. Deus dá, Ele não tira. Quando te recusas a perguntar é porque acreditas que perguntar é tirar ao invés de compartilhar.

6. O Espírito Santo te dará somente o que é teu e nada tirará em troca. Pois tudo é teu e tu o compartilhas com Deus. Essa é a realidade de tudo. O Espírito Santo, Cuja Vontade é apenas restaurar, seria capaz de interpretar equivocadamente a pergunta que tens que fazer para aprenderes a Sua resposta? Tu ouviste a  resposta, mas compreendeste mal a pergunta. Acreditas que pedir a orientação do Espírito Santo é pedir a privação.

7. Pequena criança de Deus, tu não compreendes o teu Pai. Acreditas em um mundo que tira, porque
acreditas que podes ganhar tirando. E, com essa percepção, perdeste de vista o mundo real. Tens medo do mundo conforme o vês, mas o mundo real continua sendo teu, basta pedires. Não o negues a ti mesmo, porque ele só pode libertar-te. Nada de Deus irá escravizar o Seu Filho, a quem Ele criou livre e cuja liberdade é protegida pelo Que Ele é. Bem-aventurado és tu, que estás disposto a perguntar a verdade de Deus sem medo, pois só assim é que podes aprender que a Sua resposta é a liberação do medo.

8. Linda criança de Deus, tu só estás pedindo o que eu te prometi. Acreditas que eu poderia enganar-te? O Reino do Céu está dentro de ti. Acredita que a verdade está em mim, porque eu tenho o conhecimento de que ela está em ti. Os Filhos de Deus não têm nada que eles não compartilhem. Pede a verdade a qualquer Filho de Deus e a terás pedido a mim. 'Nenhum de nós deixa de ter a resposta dentro de si, para ser dada a quem quer que a peça.

9. Pede qualquer coisa ao Filho de Deus e o seu Pai te responderá, pois Cristo não é enganado em Seu Pai e Seu Pai não é enganado Nele. Não te enganes, portanto, em teu irmão e vê apenas os seus pensamentos amorosos como a sua realidade, pois negando que a sua mente esteja dividida, tu curarás a tua. Aceita-o como seu Pai o aceita e cura-o em Cristo, pois Cristo é a sua cura e a tua. Cristo é o Filho de Deus Que não está de nenhuma maneira separado do Seu Pai, e qualquer pensamento Seu é tão amoroso quanto o Pensamento de Seu Pai, pelo qual Ele foi criado. Não te enganes com o Filho de Deus, pois se o fizeres não podes deixar de estar enganado em ti mesmo. E estando enganado em ti mesmo, estás enganado em teu Pai, em Quem nenhum engano é possível.

10. No mundo real não há nenhuma doença, porque não há separação nem divisão. Só pensamentos amorosos são reconhecidos e porque não há ninguém sem a tua ajuda, a Ajuda de Deus vai contigo a toda parte. À medida em que venhas a estar disposto a aceitar essa Ajuda pedindo por Ela, tu A darás, porque A queres. Nada estará além do teu poder de curar, porque nada será negado ao teu simples pedido. Que problemas poderão não desaparecer na presença da Resposta de Deus? Pede, então, para aprender sobre a realidade do teu irmão, porque é isso o que vais perceber nele e verás a tua beleza refletida na sua.

11. Não aceites a percepção variável do teu irmão sobre ele mesmo, pois a sua mente dividida é a tua e não aceitarás a tua cura sem a sua. Pois tu compartilhas o mundo real como compartilhas o Céu e a sua cura é a tua. Amar a ti mesmo é curar a ti mesmo e tu não podes perceber parte de ti como doente e realizar a tua meta. Irmão, nós curamos juntos, assim como vivemos juntos e amamos juntos. Não te enganes com o Filho de Deus, pois ele é um consigo mesmo e um com seu Pai. Ama a, a ele que é amado por seu Pai, e aprenderás sobre o Amor do Pai por ti.

12. Se percebes ofensa em um irmão, arranca a ofensa da tua mente, pois estás sendo ofendido por Cristo e estás enganado a respeito Dele. Cura em Cristo e não sejas ofendido por Ele, pois Nele não há ofensa. Se o que percebes te ofende, estás ofendido em ti mesmo e estás condenando o Filho de Deus, a quem Deus não condena. Permite que o Espírito Santo remova todas as ofensas do Filho de Deus a si mesmo e não percebas ninguém a não ser através da Sua orientação, pois Ele te salvará de toda condenação. Aceita o Seu poder de cura e usa-o para todos aqueles que Ele enviar a ti, pois a Sua Vontade é curar o Filho de Deus, no qual Ele não é enganado.

13. As crianças percebem fantasmas amedrontadores e monstros e dragões e ficam aterrorizadas. No entanto, se elas perguntam a alguém em quem confiam o significado do que percebem e se estão dispostas a soltar as suas próprias interpretações em favor da realidade, o medo desaparece junto com elas. Quando uma criança recebe ajuda para traduzir o seu "fantasma" em uma cortina, o seu "monstro" em uma sombra, o seu "dragão" em um sonho, ela não mais tem medo e, com felicidade, ri do seu próprio medo.

14. Tu, minha criança, tens medo dos teus irmãos e do teu Pai e de ti mesma. Mas, estás apenas enganada em relação a eles. Pergunta o que são eles ao Professor da Realidade e ouvindo a Sua resposta, também rirás dos teus medos e os substituirás pela paz. Pois o medo não está na realidade, mas nas mentes das crianças que não compreendem a realidade. Se apenas a sua falta de compreensão que as amedronta e quando aprendem a perceber verdadeiramente, não mais têm medo. E devido a isso, elas perguntarão de novo pela verdade quando estiverem assustadas. Não é a realidade dos teus irmãos ou a do teu Pai ou a tua própria que te assusta. Tu não sabes o que eles são, e por isso os percebes como fantasmas e monstros e dragões. Pergunta qual é a sua realidade Àquele Que a conhece e Ele te dirá o que são eles. Pois tu não os compreendes e, porque estás enganado pelo que vês, precisas da realidade para dissipar os teus medos.  

15. Não queres trocar os teus medos pela verdade, se essa troca é possível para ti através do teu pedido? Pois se Deus não Se engana em ti, só podes estar enganado em ti mesmo. No entanto, podes aprender a verdade sobre ti mesmo com o Espírito Santo Que te ensinará que, como parte de Deus, qualquer engano em ti é impossível. Quando te perceberes sem auto-engano, aceitarás o mundo real no lugar do falso que fizeste. E então o teu Pai inclinar-Se-á para ti e dará o último passo por ti, elevando-te até Ele.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

CAPÍTULO 11 – 7 - A condição da realidade

 1. O mundo, como tu o percebes, não pode ter sido criado pelo Pai, pois o mundo não é como tu o vês. Deus criou apenas o eterno e tudo o que vês é perecível. Portanto, tem que haver um outro mundo que tu não vês. A Bíblia fala de um novo Céu e de uma nova terra, no entanto, isso não pode ser literalmente verdadeiro, pois o eterno não é re-criado. Perceber de um modo novo e apenas perceber mais uma vez, implicando que antes, ou durante o intervalo, não estavas percebendo nada. O que é, então, o mundo que aguarda a tua percepção, quando tu o vês?

2. Todo pensamento de amor que o Filho de Deus já tenha tido é eterno. Os pensamentos de amor que a sua mente percebe nesse mundo são a única realidade do mundo. Ainda são percepções, porque ele ainda acredita que é separado. Contudo, são eternos porque são amorosos. E sendo amorosos são como o Pai e, portanto, não podem morrer. O mundo real pode, de fato, ser percebido. Tudo o que é necessário é a disponibilidade para não perceber nenhuma outra coisa. Pois se percebes tanto o bem quanto o mal, estás aceitando ambos, o falso e o verdadeiro e não estás fazendo nenhuma distinção entre eles.

3. O ego pode ver algum bem, mas nunca só o bem. É por isso que as suas percepções são tão variáveis. Ele não rejeita inteiramente a bondade, pois isso tu não poderias aceitar. Mas ele sempre adiciona algo que não é real ao real, assim confundindo ilusão e realidade. Pois as percepções não podem ser parcialmente verdadeiras. Se acreditas na verdade e na ilusão, não és capaz de dizer qual delas é verdadeira. Para estabelecer a tua autonomia pessoal, tentaste criar de modo diferente do teu Pai, acreditando que o que fizeste é capaz de não ser como Ele. Todavia, tudo o que é verdadeiro é como Ele. Perceber só o mundo real vai conduzir-te ao Céu real, porque vai fazer com que sejas capaz de compreendê-lo.

4. A percepção da bondade não é conhecimento, mas a negação do oposto da bondade te capacita a reconhecer uma condição na qual opostos não existem. E essa é a condição do conhecimento. Sem essa consciência, não satisfizeste as suas condições e enquanto não as satisfizeres, não terás o conhecimento de que ele já é teu. Tu fizeste muitas idéias que colocaste entre ti mesmo e o teu Criador, e essas crenças são o mundo tal como o percebes. A verdade não está ausente aqui, mas está obscura. Não conheces a diferença entre o que tu tens feito e o que tu tens criado. Acreditar que podes perceber o mundo real é acreditar que podes conhecer a ti mesmo. Podes conhecer a Deus porque é Sua Vontade ser conhecido. O mundo real é tudo o que o Espírito Santo tem guardado para ti dentre o que tens feito, e perceber só isso é salvação, porque é o reconhecimento de que a realidade é só aquilo que é verdadeiro.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

CAPÍTULO 11 – 6 - Despertando para a redenção

1. É impossível não acreditares no que vês, mas é igualmente impossível ver aquilo em que não acreditas. As percepções são construídas com base na experiência e a experiência conduz às crenças. Só no momento em que as crenças se fixam, é que as percepções se estabilizam. Com efeito, então, de fato vês aquilo em que acreditas. Foi isso o que eu quis dizer quando afirmei "Bem-aventurados os que não viram e creram", pois aqueles que acreditam na ressurreição a verão. A ressurreição é o completo triunfo de Cristo sobre o ego, não através do ataque, mas da transcendência. Pois Cristo, de fato, se eleva acima do ego e de todas as suas obras e ascende ao Pai e ao Seu Reino.

2. Tu queres unir-te à ressurreição ou à crucificação? Queres condenar os teus irmãos ou libertá-los?Queres transcender a tua prisão e ascender ao Pai? Todas essas questões são a mesma e são respondidas juntas. Tem havido muita confusão a respeito do que significa a percepção, porque a palavra é usada para ambas, a consciência e a interpretação da consciência. No entanto, não podes estar ciente sem interpretação, pois o que percebes é a tua interpretação.

3. Esse curso é perfeitamente claro. Se não o vês com clareza, é porque estás interpretando contra ele e, portanto, não acreditas nele. E uma vez que a crença determina a percepção, não percebes o que ele significa e, portanto, não o aceitas. Entretanto, experiências diferentes conduzem a crenças diferentes, e estas conduzem a percepções diferentes. Pois as percepções são aprendidas através das crenças e a experiência, de fato, ensina. Eu te estou conduzindo-te a um novo tipo de experiência, que estarás cada vez menos disposto a negar. Aprender sobre Cristo é fácil, pois perceber com Ele não envolve tensão nenhuma. As Suas percepções são a tua consciência natural, e são apenas as distorções que introduzes que te cansam. Deixa que o Cristo em ti interprete por ti e não tentes limitar o que vês pelas pequenas e estreitas crenças indignas do Filho de Deus. Pois até que Cristo venha a Si próprio, o Filho de Deus se verá sem Pai.

4. Eu sou a tua ressurreição e a tua vida. Tu vives em mim por que vives em Deus. E todos vivem em ti, como vives em todos. Podes, então, perceber indignidade em um irmão e não percebê-la em ti mesmo? E podes percebê-la em ti mesmo e não percebê-la em Deus? Acredita na ressurreição porque ela foi realizada, e foi realizada em ti. Isso é tão verdadeiro agora como será para sempre, pois a ressurreição é a Vontade de Deus, que não conhece tempo nem exceções. Mas não faças exceções, ou não perceberás o que foi realizado para ti. Pois nós ascendemos ao Pai juntos, como era no princípio, é agora e sempre será, pois tal é a natureza do Filho de Deus tal como seu Pai o criou.

5. Não subestimes o poder da devoção do Filho de Deus, nem o poder que o deus que ele adora tem sobre ele. Pois ele se coloca no altar do seu deus, seja esse o deus feito por ele ou o Deus Que o criou. É por isso que a sua escravidão é tão completa quanto a sua liberdade, pois ele obedecerá apenas ao deus que aceita. O deus da crucificação exige que ele crucifique e seus adoradores obedecem. Em seu nome, eles crucificam a si mesmos, acreditando que o poder do Filho de Deus nasce do sacrifício e da dor. O Deus da  ressurreição nada exige, pois tirar não é a Sua Vontade. Ele não requer obediência, pois obediência implica submissão. Ele só quer que tu aprendas a tua vontade e a sigas, não no espírito do sacrifício e da submissão, mas no contentamento da liberdade.

6. A ressurreição tem que compelir-te à aliança com contentamento, porque ela é o símbolo da alegria. Todo o seu poder de compelir está no fato de que ela representa o que queres ser. A liberdade de deixar para trás tudo o que te fere, te humilha e te amedronta, não pode ser imposta a ti, mas pode te ser oferecida através da graça de Deus. E podes aceitá-la pela Sua graça, pois Deus é cheio de graças para com Seu Filho, aceitando-o sem questionamentos como propriamente Seu. Quem, então, é propriamente teu? O Pai te deu tudo o que é Seu e Ele próprio é teu com eles. Protege-os na sua ressurreição, pois de outro modo tu não despertarás em Deus, rodeado com segurança pelo que é teu para sempre.

7. Tu não acharás paz enquanto não tiveres removido os cravos das mãos do Filho de Deus e arrancado o último espinho da sua testa. O Amor de Deus cerca Seu Filho, a quem o deus da crucificação condena. Não ensines que eu morri em vão. Ensina, em vez disso, que eu não morri, demonstrando que eu vivo em ti. Pois o desfazer da crucificação do Filho de Deus é o trabalho da redenção, no qual todos desempenham um papel de igual valor. Deus não julga Seu Filho inculpável. Já que Deus Se deu a ele, como poderia ser diferente?

8. Tu te pregaste a uma cruz e colocaste uma coroa de espinhos sobre a tua própria cabeça. No entanto, não podes crucificar o Filho de Deus, pois a Vontade de Deus não pode morrer. Seu Filho foi redimido da sua própria crucificação e não podes entregar à morte aquele a quem Deus deu vida eterna. O sonho da crucificação ainda pesa sobre os teus olhos, mas o que vês em sonhos não é a realidade. Enquanto percebes o Filho de Deus sendo crucificado, estás dormindo. E enquanto acreditas que podes crucificá-lo, só estás tendo pesadelos. Tu, que estás começando a despertar, ainda estás ciente de sonhos e ainda não os esqueceste. O esquecimento dos sonhos e a consciência de Cristo vêm com o despertar de outros para compartilharem a tua redenção.

9. Tu vais despertar para o teu próprio chamado, pois o Chamado para o despertar está dentro de ti. Se eu vivo em ti, estás desperto. No entanto, é preciso que vejas os trabalhos que eu faço através de ti, ou não perceberás que eu os fiz em ti. Não estabeleças limites para o que acreditas que eu possa fazer através de ti, ou não aceitarás o que eu posso fazer para ti. No entanto, isso já está feito e a não ser que dês tudo o que já recebeste, não saberás que o teu redentor vive e que despertaste com ele. Só se reconhece a Redenção compartilhando-a.

10. O Filho de Deus está salvo. Traze apenas essa consciência à Filiação e terás uma parte na redenção tão valorosa quanto a minha. Pois a tua parte tem que ser como a minha se a aprendes de mim. Se acreditas que a tua parte é limitada, estás limitando a minha. Não existe nenhuma ordem de dificuldades em milagres porque todos os Filhos de Deus são de igual valor e a sua igualdade é a sua unicidade. Todo o poder de Deus está em cada uma das Suas partes e nada que seja contraditório à Sua Vontade é grande ou pequeno. O que não existe não tem tamanho nem medida. Para Deus todas as coisas são possíveis. E a Cristo é dado ser como o Pai.

terça-feira, 7 de abril de 2015

CAPÍTULO 11 – 5 - A "dinâmica" do ego

 1. Ninguém pode escapar de ilusões a não ser que olhe para elas, pois não encará-las é a forma de protegê-las. Não há necessidade de se acuar diante de ilusões, pois elas não podem ser perigosas. Nós estamos prontos para olhar mais detalhadamente o sistema de pensamento do ego, porque juntos temos a lâmpada que o dissipará e já que reconheces que não o queres, tens que estar pronto. Vamos ser muito calmos ao fazer isso, pois estamos apenas procurando honestamente a verdade. A "dinâmica" do ego será a nossa lição por algum tempo, pois precisamos em primeiro lugar olhar para isso, para depois ver além, já que fizeste com que fosse real. Nós vamos desfazer esse erro juntos em quietude e então olhar além dele para a verdade.

2. O que é a cura senão a remoção de tudo aquilo que se interpõe no caminho do conhecimento? E de que outra forma pode alguém desfazer ilusões, a não ser olhando diretamente para elas, sem protegê-las? Não temas, portanto, pois estarás olhando para a fonte do medo e estás começando a aprender que o medo não é real. Estás também aprendendo que os seus efeitos podem ser dissipados meramente pela negação da sua realidade. O próximo passo, obviamente, é reconhecer que aquilo que não tem efeitos, não existe. As leis não operam em um vácuo e o que não conduz a nada não aconteceu. Se a realidade é reconhecida pela sua extensão, o que não conduz a nada não poderia ser real. Não tenhas medo, portanto, de olhar para o medo, pois ele não pode ser visto. A claridade desfaz a confusão por definição e olhar para a escuridão através da luz não pode deixar de dissipá-la.

3. Vamos começar essa lição sobre a "dinâmica do ego" compreendendo que o próprio termo não significa nada. Contém a própria contradição de termos que faz com que ele seja sem significado. "Dinâmica" implica o poder de fazer alguma coisa e toda a falácia da separação está na crença segundo a qual o ego tem o poder de fazer qualquer coisa. O ego é amedrontador para ti porque acreditas nisso. No entanto, a verdade é muito simples: Todo poder é de Deus. O que não é de Deus não tem poder para fazer nada.

4. Quando olhamos para o ego, portanto, não estamos considerando dinâmica alguma, mas delusões. Podes seguramente examinar um sistema de delusões sem medo, porque ele não pode ter quaisquer efeitos se a sua fonte não é real. O medo vem a ser mais obviamente inadequado se reconheces qual é a meta do ego, que é tão claramente sem sentido, que qualquer esforço a seu favor necessariamente é gasto à toa. A meta do ego é explicitamente a autonomia egótica. Desde o início, portanto, o seu propósito é ser separado, suficiente em si mesmo e independente de qualquer poder exceto o seu próprio. É por isso que ele é o símbolo da separação.

5. Toda idéia tem um propósito e o seu propósito é sempre o resultado natural do que ela é. Tudo o que brota do ego é resultado natural da sua crença central e o modo de desfazer esses resultados está simplesmente em reconhecer que a sua fonte não é natural, estando em desacordo com a tua verdadeira natureza. Eu disse anteriormente que exercer uma vontade contrária à de Deus é apenas a projeção de um desejo e não uma disposição real da vontade. A Sua Vontade é uma só, porque a extensão da Sua Vontade não pode deixar de ser como ela mesma. O conflito real que tu vivencias, então, se dá entre os vãos desejos do ego e a Vontade de Deus, que tu compartilhas. É possível que esse conflito seja real?

6. Tu tens a independência da criação, mas não a autonomia. Toda a tua função criativa está em tua completa dependência de Deus, Que compartilha a Sua própria função contigo. Através da disposição da Sua Vontade para compartilhá-la, Ele vem a ser tão dependente de ti quanto tu és dependente Dele. Não atribuas a arrogância do ego Aquele Cuja Vontade não é ser independente de ti. Ele te incluiu na Sua Autonomia. És capaz de acreditar que a autonomia tem significado à parte Dele? A crença na autonomia do ego está te custando o conhecimento da tua dependência de Deus, na qual está a tua liberdade. O ego vê toda dependência como uma ameaça e distorceu até mesmo a tua saudade de Deus em um meio de se estabelecer. Mas não te deixes enganar pela sua interpretação do teu conflito.

7. O ego sempre ataca em nome da separação. Acreditando que tem poder para fazer isso, não faz nenhuma outra coisa, porque a sua meta de autonomia não é nenhuma outra coisa. O ego é totalmente confuso acerca da realidade, mas não perde de vista a meta que tem. Ele é muito mais vigilante do que tu, porque está perfeitamente certo do seu propósito. Tu estás confuso porque não reconheces o teu.

8. Tens que reconhecer que a última coisa que o ego deseja que tu te dês conta é que tens medo dele. Pois se o ego pudesse fazer surgir medo, isso diminuiria a tua independência e enfraqueceria o teu poder. No entanto, a sua única justificativa para a tua aliança é que ele pode te dar poder. Sem essa crença tu não o escutarias em absoluto. Como é possível, então, que a sua existência continue se reconheces que, ao aceitá-lo, estás te fazendo pequeno e te privando do poder?

9. O ego pode fazer e, de fato, permite que tu te consideres arrogante, descrente, "frívolo", distante, emocionalmente superficial, rude, alienado e até mesmo desesperado, mas não realmente medroso. Minimizar o medo, mas não desfazê-lo, é o esforço constante do ego e é, na verdade, uma técnica na qual ele de fato é muito engenhoso. Como pode ele pregar a separação sem mantê-la através do medo, e tu o escutarias se reconhecesses que é isso o que ele está fazendo?

10. O teu reconhecimento de que qualquer coisa que pareça estar te separando de Deus é apenas medo, seja qual for a forma que assuma e independentemente de como o ego queira que tu o vivencies, é portanto a ameaça básica do ego. O seu sonho de autonomia é balançado em seus fundamentos com essa consciência. Pois embora possas conviver com uma idéia falsa de independência, não vais aceitar o custo do medo se o reconheceres. Entretanto, esse é o custo e o ego não pode minimizá-lo. Se não vês o amor, não estás vendo a ti mesmo e tens que ter medo da irrealidade porque negaste a ti mesmo. Acreditando que tiveste sucesso ao agredir a verdade, estás acreditando que o ataque tem poder. Muito simplesmente, então, vieste a ter medo de ti mesmo. E ninguém quer achar aquilo que acredita que iria destruí-lo.

11. Se a meta de autonomia do ego pudesse ser realizada, o propósito de Deus poderia ser derrotado e isso é impossível. Só aprendendo o que é o medo, podes finalmente aprender a distinguir o possível do impossível e o falso do verdadeiro. De acordo com o ensinamento do ego, a sua meta pode ser realizada e o propósito de Deus não. De acordo com o ensinamento do Espírito Santo, só o propósito de Deus pode ser realizado e já está realizado.

12. Deus é tão dependente de ti quanto tu dependes Dele, porque a Sua Autonomia abrange a tua e é, portanto, incompleta sem ela. Tu só podes estabelecer a tua autonomia identificando-te com Ele e cumprindo a tua função assim como ela existe na verdade. O ego acredita que realizar a sua meta é felicidade. Mas te é dado conhecer que a função de Deus é a tua e que a felicidade não pode ser achada à parte da Vontade conjunta de ambos. Reconhece apenas que a meta do ego, que tens perseguido tão diligentemente, te trouxe apenas medo e passa a ser difícil afirmar que medo é felicidade. Sustentado pelo medo, isso é o que o ego quer que acredites. No entanto, o Filho de Deus não é insano e não pode acreditar nisso. Deixa que ele apenas reconheça isso e não irá aceitá-lo. Pois só o insano escolheria o medo em lugar do amor e só o insano poderia acreditar que se pode ganhar o amor através do ataque. Mas os sãos reconhecem que só o ataque poderia produzir medo, do qual o Amor de Deus os protege completamente.

13. O ego analisa, o Espírito Santo aceita. A apreciação da integridade vem somente através da aceitação, pois analisar significa quebrar ou separar. A tentativa de compreender a totalidade quebrando-a é claramente a abordagem contraditória à todas as coisas, que é característica do ego. O ego acredita que o poder, a compreensão e a verdade estão na separação e para estabelecer essa crença, ele tem que atacar. Sem a consciência de que essa crença não pode ser estabelecida e com a convicção de que a separação é a salvação, o ego ataca tudo aquilo que percebe, quebrando tudo em pequenas partes desconectadas sem relações significativas entre si e, portanto, sem significado. O ego sempre substituirá o significado pelo caos, pois se a separação é salvação, a harmonia é ameaça.

14. As interpretações do ego das leis da percepção são, e tem que ser, exatamente o oposto da interpretação do Espírito Santo. O ego focaliza o erro e não vê a verdade. Ele faz com que todo equívoco que percebe seja real e, com o raciocínio circular que lhe é característico, conclui que devido ao equívoco a verdade consistente não pode deixar de ser sem significado. O próximo passo, então, é obvio. Se a verdade consistente não tem significado, a inconsistência tem que ser verdadeira. Mantendo o erro em mente de forma clara e protegendo aquilo que tornou real, o ego procede ao próximo passo de seu sistema de pensamento: o erro é real e a verdade é erro.

15. O ego não faz qualquer tentativa de compreender isso e isso é claramente incompreensível, mas, de fato, faz todas as tentativas para demonstrá-lo e o faz constantemente. Analisando para atacar o significado, o ego tem sucesso em não vê-lo, ficando com uma série de percepções fragmentadas, que ele unifica a favor de si mesmo. Isso vem a ser, então, o universo que ele percebe. E é esse universo que, por sua vez, vem a ser a sua demonstração da sua própria realidade.

16. Não subestimes o apelo das demonstrações do ego para aqueles que querem escutar. A percepção seletiva escolhe cuidadosamente as suas testemunhas e as suas testemunhas são consistentes. O processo a favor da insanidade é forte para o insano. Pois o raciocínio termina com o seu começo e nenhum sistema de pensamento transcende a própria fonte. Entretanto, um raciocínio sem significado nada pode demonstrar e aqueles a quem ele convence não podem deixar de estar iludidos. É possível o ego ensinar verdadeiramente quando não vê a verdade? É possível ele perceber aquilo que tem negado? As suas testemunhas de fato comprovam a sua negação, mas não o que foi negado. O ego olha diretamente para o Pai e não O vê, pois tem negado a Seu Filho.

17. Tu queres lembrar-te do Pai? Aceita o Seu Filho e te lembrarás Dele. Nada pode demonstrar que o Filho de Deus não é digno, pois nada pode provar que uma mentira é verdadeira. O que vês do Filho de Deus através dos olhos do ego é uma demonstração de que Seu Filho não existe, no entanto, onde está o Filho o Pai não pode deixar de estar. 'Aceita o que Deus não nega e a sua verdade será demonstrada. As testemunhas de Deus estão na Sua Luz e contemplam o que Ele criou. 'O seu silêncio é o sinal de que elas contemplaram o Filho de Deus e na Presença de Cristo nada precisam demonstrar, pois Cristo lhes fala de Si Mesmo e do Seu Pai. Elas estão silenciosas porque Cristo lhes fala e são as Suas palavras que proferem.

18. Todo irmão que tu encontras vem a ser uma testemunha de Cristo ou do ego, dependendo do que percebes nele. Todo mundo te convence daquilo que queres perceber e da realidade do reino em favor do qual escolheste a tua vigilância. Tudo o que percebes é uma testemunha do sistema de pensamento que queres que seja verdadeiro. Todo irmão tem o poder de liberar-te, se escolheres ser livre. Tu não podes aceitar um falso testemunho dele a não ser que tenhas evocado falsos testemunhos contra ele. Se ele não te fala de Cristo, não lhe falaste de Cristo. Tu ouves apenas a tua própria voz e se Cristo fala através de ti, tu O ouvirás.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

CAPÍTULO 11 – 4 - A herança do Filho de Deus

1. Nunca te esqueças de que a Filiação é a tua salvação, pois a Filiação é o teu Ser. Enquanto criação de Deus, Ela é tua e pertencendo a ti, Ela é Sua. O teu Ser não necessita de salvação, mas a tua mente precisa aprender o que é a salvação. Tu não és salvo de coisa alguma, mas és salvo para a glória. A glória é a tua herança, que te foi dada pelo teu Criador para que possas estendê-la. No entanto, se odeias parte do teu Ser, toda a tua compreensão está perdida, porque estás olhando sem amor para o que Deus criou como criou a ti mesmo. E uma vez que o que Deus criou é parte Dele, estás negando a Ele o Seu lugar em Seu próprio altar. . Poderias tentar fazer de Deus alguém sem lar e ao mesmo tempo saber que estás em teu lar? É possível o Filho negar o Pai sem acreditar que o Pai o tenha negado? As leis de Deus se mantêm apenas para a tua proteção e elas nunca se mantêm em vão. O que experimentas quando negas a teu Pai é ainda para a tua proteção, pois o poder da tua vontade não pode ser diminuído sem a intervenção de Deus contra ele e qualquer limitação do teu poder não é a Vontade de Deus. Portanto, olha apenas para o poder que Deus te deu para salvar-te, lembrando-te que ele é teu porque é Seu e junta-te aos teus irmãos na Sua paz.

3. A tua paz está no fato de que ela é sem limites. Limita a paz que compartilhas e o teu Ser não pode deixar de ser desconhecido parati. Todo altar a Deus é parte de ti, porque a luz que Ele criou é una com Ele. Cortarias um irmão da luz que te pertence? Não farias isso se reconhecesses que só podes escurecer a tua própria mente. Assim como o trazes de volta, tu retornarás. Essa é a lei de Deus para a proteção da integridade do Seu Filho.

4. Só tu és capaz de te privar do que quer que seja. Não te oponhas a esse reconhecimento, pois isso é verdadeiramente o principio da aurora da luz. Lembra-te também que a negação deste simples fato toma muitas formas, as quais precisas aprender a reconhecer e a combater persistentemente, sem exceção. 4Esse é um estádio crucial do re-despertar. As fases iniciais dessa reversão são muitas vezes bastante dolorosas, pois à medida em que a acusação é retirada do que está fora, há uma forte tendência a ancorála no que está dentro. É difícil, à primeira vista, reconhecer que isso é exatamente a mesma coisa, pois não há nenhuma distinção entre o que está dentro e o que está fora.

5. Se os teus irmãos são parte de ti e tu os acusas da tua privação, estás acusando a ti mesmo. E não podes acusar-te sem acusá-los. É por isso que a acusação tem que ser desfeita e não vista em outro lugar. Se a colocas em ti mesmo, não poderás conhecer a ti mesmo, pois só o ego acusa de qualquer forma que seja. Autoacusação, portanto, é identificação com o ego, e isso é tanto uma defesa do ego quanto acusar os outros. Tu não podes entrar na Presença de Deus se atacas o Seu Filho. Quando Seu Filho eleva a sua voz para louvar o seu Criador, ele ouvirá a Voz pelo Seu Pai. No entanto, o Criador não pode ser louvado sem Seu Filho, pois a glória de Ambos é compartilhada e Eles são glorificados juntos.

6. Cristo está no altar de Deus, esperando para dar as boas-vindas ao Seu Filho. Mas venhas totalmente sem condenação, pois de outro modo acreditarás que a porta está bloqueada e não poderás entrar. A porta não está bloqueada e é impossível que não possas entrar no lugar onde Deus quer que estejas. Mas ama a ti mesmo com o Amor de Cristo, pois é assim que o teu Pai te ama. Tu podes recusar-te a entrar, mas não podes bloquear a porta que Cristo mantém aberta. Vem a mim, que a mantenho aberta para ti, pois enquanto eu viver, ela não pode ser fechada e eu vivo para sempre. 'Deus é a minha vida e a tua e nada é negado por Deus ao Seu Filho.

7. No altar de Deus, Cristo espera pela restauração de Si Mesmo em ti. Deus tem o conhecimento de que Seu Filho é tão irrepreensível quanto Ele próprio, e a aproximação a Ele se dá através da apreciação do Seu Filho. Cristo espera que tu O aceites como tu mesmo e que aceites a Sua Integridade como tua. Pois Cristo é o Filho de Deus Que vive em Seu Criador e brilha com a Sua glória. Cristo é a extensão do Amor e da Beleza de Deus, tão perfeito quanto Seu Criador e em paz com Ele.

8. Bendito é o Filho de Deus, cuja radiância é a do Seu Pai e cuja glória é sua vontade compartilhar assim como Seu Pai a compartilha com ele. Não há nenhuma condenação no Filho, pois não há nenhuma condenação no Pai. Compartilhando o perfeito Amor do Pai, o Filho tem que compartilhar o que pertence a Ele, pois de outra maneira ele não conhecerá o Pai nem o Filho. A paz esteja contigo que descansas em Deus e em quem descansa toda a Filiação.